quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O galo cantou - Pedra do Cantagalo

Na última temporada de inverno conseguimos uma folga para retornar as belas paredes da região serrana do Rio de Janeiro. Fomos para a Pedra do Cantagalo - Petrópolis. 
O Elcio e o Otaviano escalaram a via A soma de todos os medos - 5º VI sup 800 mts. Eu e o Valdesir fomos para a via O galo cantou - 7º VIIc A2 400 mts.
A via é impressionante, um desafio para a escalada livre/móvel, a graduação é mais exigente do que sugere o guia de Petrópolis. Chegamos a noite próximo do cume e na última enfiada - a 10ª -, não conseguimos encontrar as proteções finais.
Alessandro Haiduke






quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O espírito da aventura.


Alessandro Haiduke


Um jovem perguntou a um sábio alpinista chinês o que definia uma grande aventura.
Ele não deu uma resposta de imediato, ficou muito tempo meditando e ao final declarou:

- O que é a aventura?
- A aventura não está em um lugar, perto ou distante.
- A aventura é uma jornada solitária - mesmo em companhia de outros.
- A aventura não começa com um passo ou termina após o último suspiro.
- A aventura não aceita certezas, esbanja interrogações.
- A aventura desvia dos caminhos retos e segue os tortuosos.
- A aventura vive pelos desejos, não se ilude pelos triunfos.
- A aventura anda constantemente ao lado do perigo, mas não se confunde com o pânico.
- A aventura carrega menos, para chegar mais longe.
- A aventura não copia, inventa.
- A aventura não se parece com um dia ensolarado, é antes irmã da neblina.
- A aventura, ah! diante dela somos todos principiantes.
- Algumas coisas podem consumir mais de uma vida, quem me dera eu fosse jovem e tivesse força...- o velho alpinista ficou em silêncio mirando lugar algum.

- Para afinal chegar a uma resposta definitiva a esse questionamento? Perguntou ansiosamente o jovem.

- Não, para continuar sentindo o vazio, que causa tanto espanto ao corpo...

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A partida de Ricardo Baltazar.


Ricardo com o Fitz Roy ao fundo


Algumas pessoas passam pela vida e acabam marcando nossa existência. Ricardo era uma dessas pessoas. Ele vivia um dia depois do outro, era isso o que importava, não o que poderia ocorrer em meses, anos. Como um verdadeiro errante das montanhas, peregrinava em busca de aventuras. 
Era uma pessoa humilde e de bom coração. Tinha uma motivação fora do comum para realizar seus projetos. Com essa filosofia conseguiu escalar as grandes montanhas andinas: Cerro Fitz Roy, Agulha Poincenot, Cerro Torre, Alpamayo, entre outras.
Nesse mês de agosto, quando eu planejava uma futura viagem para a Patagônia para escalar as belas montanhas e reencontrar velhos amigos, recebi um recado avisando que o Ricardo havia sido encontrado morto no Cânion do Malacara. Ainda não consegui internalizar essa notícia, é estranho pensar que nunca mais o encontrarei no camping Del Lago, com uma garrafa de cerveja na mão, a ponto de ser expulso pelas bagunças que aprontava. É estranho pensar que não poderei mais dividir com ele as cordadas, risadas, roubadas, cervejas.
Infelizmente assim é a vida, incerta como um dia de bom tempo patagônico.
Resta a mensagem vivida na prática por Ricardo e tantas vezes esquecida por nós:
Aproveite a vida.

Adeus, amigo.
Alessandro Haiduke
Aproximação da Agulha Mermoz

Compartilhando cervejas em Chaltén

Ricardo escalando a via Atgentina - Mermoz

Eu e o Ricardo no cume da Mermoz

Ricardo proveitando a paisagem patagônica