segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Eco-xiitas II

Texto:Alessandro Haiduke
Fotos:Elcio Muliki

Procura pelo prazer de procurar, não pelo de encontrar....

                                                Jorge Luis Borges


Todo aventureiro é movido por sonhos, alguns se concretizam rapidamente, outros demoram anos até se tornarem realidade. A parede do Ibitirati foi um desses sonhos adiados.
Há alguns anos atrás pensava em escalar essa via, mas era um desejo tímido, pequeno, que ainda não movimentava todo o meu ser. Para uma escalada como essa se tornar realidade, além do desejo, é necessária uma boa tática, treinamento;  e o principal: companheiros que compartilhem os mesmos anseios.
Alguns anos depois os componentes essenciais para iniciar a aventura estavam organizados. O primeiro plano era escalar a Eco-xiitas desde a caminhada, toda a escalada e a caminhada de volta sem descanso, em uma só tocada.




Na primeira investida, Elcio, Taylor  e eu percebemos que um item de extrema importância estava incompleto: as informações. Havíamos buscado informações em revistas, sites, conversas com escaladores, mas o que conseguimos eram elementos desconexos, que tentávamos unir com nossa imaginação. O resultado foi muita caminhada e nada de chegar ao começo da via.
Algumas semanas depois retornamos, foram algumas horas equilibrando-se em tufos de mato e sobre o ombro dos colegas. Porém, novamente, nos equivocamos com o início da via.
Meses depois, em um dia qualquer, o Elcio mandou uma mensagem com três opções para o fim de semana: Marumbi, Piraí ou o Ibitirati. Optamos pela terceira.
Dessa vez tínhamos o elemento que faltava: informações detalhadas cedidas pelo Ed e Val, que já haviam passado por ali duas vezes.
Começamos a caminhada às 08:00 hs e depois de mais de 6 horas engatinhando entre bambus e rezando para que eles acabassem, chegamos ao pé da via. Até o início da escalada são aproximadamente 300 metros de trepa-mato – talvez o crux da via.
Mal chegamos e já iniciamos a escalada. Comecei guiando a primeira cordada de VI/VI+ com direito a tudo: fenda, árvores, mato, agarras, proteções suspeitas e uma parada em bico de pedra. O Elcio saiu guiando a segunda cordada, passando por alguns trepa-matos. A terceira cordada inicia-se por fendas estreitas, difíceis de proteger, passa por uma chapa e segue por uma barriga. Após a chapa coloquei um camalot e fui para a direita – lado errado. Entro em uma oposição, o corpo pendula, seguro o movimento na ponta dos dedos, quase sem respirar e após alguns lances faço a parada em uma árvore. O Elcio guia mais duas enfiadas por trepa-mato e chegamos a um platô com as últimas luzes do dia desaparecendo. Arrumamos as coisas e entramos no saco de bivaque.
Antes de dormir, comendo alguns sanduíches, víamos as luzes de Curitiba e imaginávamos os amigos que se reuniam em mais uma edição do  Jantar da Montanha.
As luzes do dia apareceram, comemos algo rápido e seguimos escalando.  O Elcio começou a guiar a cordada, ia de um lado para o outro indeciso quanto o  caminho a seguir. Depois de uma ajuda tecnológica, começou a escalar por uma fenda pouco óbvia. A parede tornou-se vertical com lances delicados. Ele chegou a um diedro e encontrou a próxima parada. Acredito que seja a enfiada tecnicamente mais difícil da via. Depois de duas enfiadas mais fáceis chegamos na última chapa da via e no o cume do Ibitirati.
Aproveitamos um pouco o visual imaginando outras escaladas nesse lugar único. Tomamos fôlego e começamos a caminhada, tínhamos mais 5 horas pela frente.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Escalada da Eco-xiitas no Ibitirati

                                                                                                                                 Fotos: Elcio Muliki

Início da parte mais inclinada da aproximação.

Platô do início da escalada.

Primeira enfiada.

Bivaque.

Enfiada número 6.

Limpando o diedro.

Últimos metros.

Cume do Ibitirati.

A comemoração.